quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Rotina (a mesma de todo dia)

Mais um horário cravado na rotina,
Ponteiros irritantes se tornam minha sina,
Mais um dia estressante de trabalho,
Centenas de urubus montados em espantalhos.
Todo dia um homem me pergunta:
“Quer táxi meu senhor?”
Muito obrigado, mas três reais é o que sobrou,
Não paga meia entrada pra ver meu time fazer um gol.
Quem diz que gosta do craude se engana,
Passamos os dias esperando o fim de semana.
Chego no ponto de ônibus lotado,
O mesmo chega e não consigo voltar sentado.
Tem muita gente, não dá pra ver a janela,
Somente um sovaco que a camisa amarela.
Pode ser sufocante mas essa é minha vida,
Triste, alegre, bufante e corrida.
Os opostos se atraem e o ego se enflama,
Das conquistas e glórias no fim da semana.

Corrente da esperança 1

Cidadão comum, exerça seus direitos,
Não abaixe a cabeça para autoritários eleitos.
Imponha respeito e mantenha a postura,
Não ouça quem ri e por trás te sensura.
Seu punho é forte, não fuja á luta,
Rebata com argumentos, não com força bruta.
Se por hora fraqueja, não volte atrás.
Se já está feito, descanse em paz.
Seu dever é lutar, antecipar a mudança,
Ser mais um gomo na corrente da esperança.

Entrelinhas imaginárias

Releitura de meus sonhos,
Feito em letras manuscritas.
Se um dia a alma queima,
Arde em minhas poesias.
Se o frio refresca a alma,
Vejo gelo em minhas linhas.
Se há cheiro de carniça,
Fede as linhas do papel.
Se o sol arde na nuca,
Rasgo a folha e vejo o céu.
Enquanto há tinta na caneta,
Não há linhas no papel.

Cativeiro Urbano

A democracia nunca existirá,
Enquanto sujo tentar mudar o mal lavado.
O país nunca mudará,
Com um prédio de luxo e uma favela ao lado.
O governo está sempre distraído,
Preocupado com o dinheiro sujo de sua ganância.
O autoritário da lei é sempre temido,
Não pelo respeito, mas sim pela ignorância.
Nesse seqüestro moral, devemos apelar a quem?
Desse cativeiro urbano, não nasci pra ser refém.

Altar de sabedoria

Ó deus da sabedoria,
Me explique a dor dos guetos,
O porquê de tanta destruição.
Pessoas morrendo sem ao menos
Saber porque vieram ao mundo.
Pessoas nascendo a mercê
De um consumismo imundo.
Nunca tanto dinheiro esteve envolvido
Na miséria da nação,
A guerra eco-urbanista cresce,
Dos recursos naturais o povo se esquece.
No futuro nossa riqueza será só uma,
E, com a leveza de uma pluma,
Nos livrará do peso de um medo.
Subsistente desde cedo.

Lírica comunhão (mais um trem na estação)

Um velho sábio andarilho
Nos contou suas profecias,
Com seus pés nos trilhos,
Declamou apologias,
Sobre destemidos homens,
Que lutavam pelos seus ideais.
Que para muitos eram só jovens,
Cuja mente processava mais.
Que para toda destruição,
Fruto de guerra ou revolução,
Eles tinham a solução,
Poesia como forma de reação.
Intrigando o sistema,
Todos juntos na mesma cena,
Independência é o nosso lema,
Para transformar essa geração,
Em uma lírica comunhão,
Onde os sábios nunca dizem não.