domingo, 8 de março de 2009

Lugar Comum


Na cabeça do menino,
A vontade de brincar.
Na bodega da esquina,
Um portuga em seu bar.
No cortiço amarelo,
13 vidas, um só lar.
No véu negro da viúva,
A ausência de seu par.
O imigrante nordestino,
Que só pensa em trabalhar.
O jovem que das drogas,
Tenta se recuperar,
O bebê que agora nasce,
Para o mundo alegrar.
Se agora tens tristeza,
Logo vai se animar,
Pois na vida tudo passa,
Mas não muda de lugar.

Nino


Pede esmola, cheira cola,
Cola gruda o papelão,
Rola bola, falta escola,
Nino dorme pelo chão,
Vento venta, vem o frio,
Com o frio, vem solidão.
O fogo faz fogueira,
Não aquece o coração.
Vento venta, mexe o fogo,
Fogo queima o papelão,
Fogo queima as velhas roupas,
Logo chega o rabecão.

Auto-avaliação




Me peguei olhando o espelho,
Tentando me achar.
O que achei foram vertigens,
Nada mais que meu olhar.
Olhei e não vi mais nada,
Além do rosto atemporal,
Mesmo da semana passada,
Que um dia enfrentou o mal.
Que chorou e que sorriu,
Que a barba fez crescer,
Que chegou e que partiu,
E agora tenta entender,
A difícil auto-avaliação,
Que na hora traz temor
E provoca a distensão
Do meu próprio interior.