domingo, 26 de julho de 2009

Carta Interplanetária


Ei você do outro universo!
Tu não sabes como anda a terra,
Anda meio mancando,
Tropeçando em guerra,
Com um pé no poder,
E o outro querendo andar,
Numa mão dinheiro,
Na outra bomba nuclear.
Insanidade moral,
Morte movida a ganância,
Caos total,
Violência gera violência.
Tem gente tirando vidas,
Pra poder se alimentar,
E pelo dinheiro do petróleo,
Sujam a água do mar.
Ei! Você do outro universo,
Se vier traga solução,
Paz, amor e Harmonia,
Que muito falta nesta nação.

Cordel

Contrariando o alto grau de analfabetismo,
No nordeste o cordel teve seu batismo.
Suas estórias nas feiras e praças,
Fazem a imaginação ganhar asas,
Sob a voz do cordelista,
De origem humilde, realista.
Mediador das classes populares,
Que com sua fé derruba pilares.
Com louvação e crítica,
Faz da poesia sua política,
Quando quem sofre resolve lutar,
E no seio da vida amamentar.

Do campo a cidade ganhou uma lição,
De bravura e valentia como os feitos de lampião.
São antropólogos e sociólogos,
Que nunca sequer entraram numa faculdade.
Através de repentes e monólogos,
Cantam nas ruas por necessidade,
As lembranças do seco sertão,
Onde um dia lhe faltou o pão,
E o vento lhe trouxe de lá,
Pra num poço de lama anda,
O povo aplaude Ceará.

O cordel assim se faz atemporal,
Do maculelê pra espantar o mal,
Do carnaval de Recife,
Das feiras de Maracaípe,
Pros versos de quem faz o rap.
Cordel do fogo encantado,
Suor e sangue na batida do sertão,
Maracatu sagrado,
Pandeiro, atabaque e violão.
Pensador que com a lua canta,
Que o fruto da vida planta,
E ilumina minha consciência.

Alma de ilusão


Ao corredor a longa estrada,
Ao estradeiro o caminhão,
Ao boêmio a madrugada,
Ao gótico a escuridão,
Ao mendigo a moradia,
Ao doente internação,
Ao cientista anomalia,
Em minha alma a ilusão.