domingo, 20 de março de 2011

Devaneio


Vim com algo para alguém,
Não sei o quê, nem para quem,
Falei bem alto, não sei o quê,
Tentei correr, num sei pra onde,
Entrei na fila, cadê a fila?
Tirei dinheiro e gastei tudo,
Se gastei tudo não tenho nada,
Quem é esse olhando pra mim?

sábado, 19 de março de 2011

Tudo vira lixo


Tudo vira lixo.
O resto, o nada,
As migalhas de pão,
O último gole de bebida,
A poeira que cai sobre o chão.

Tudo vira lixo,
Entulho, dejeto,
Vira algo que não quero mais.
Até o pacote de leite estragado,
Com seus lactobacilos e minerais.

Tudo vira lixo.
Vira cinza, vira pó,
Decompõe até morrer,
Explode, queima, cai,
Até desaparecer.

Tudo vira lixo, até você.

Vive, fode e cai.
Pra depois apodrecer.


Transamazônica



Terra de gente mal tratada.
Onde a poeira predomina,
Terra de um, dois, treze filhos,
E nenhum prato de comida.


Do velho da perna inchada,
Que custa a largar a enxada,
Melhor viver com pouco,
Do que sem nada.


Massacres embruteceram os índios,
Rendidos ao tráfico de animais,
Banidos de suas terras,
Já não fazem fumaça de paz.


Lugar de homens sem coração,
Do poder por apropriação,
Covardia aqui tem outra conotação.


E suja de vermelho, o verde da nação.


Mente Bonita


Ela ilumina o caminho quando passa,
Põe uma flor num canto esquecido,
Faz a vida valer a pena.
Ela presta atenção nos detalhes,
Aprecia cada por de sol,
Afirma que nem todos são iguais.

Ela valoriza as diferenças,
Abstrai sentimentos ruins,
E os transforma em aquarela,
Ela é vermelha, é azul, é amarela.
Ela é bela.

Ela é o silêncio do amanhecer,
E o frio na barriga do apaixonado,
Uma estrada sem trânsito no feriado,
Ela é perfeita.

Ela está sempre com a gente,
Só ela pode te deixar contente,
Ela te faz levar uma vida decente,
Ela é sua mente.
Cuide bem dela.