sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ao acaso






Um homem e a sua cicatriz,
Marcada a ferro quente pela vida,
Uma mulher e seu amargo sorriso,
Resultado de uma relação partida.

Ele, triste por fora e feliz por dentro,
Escondido atrás da cortina do preconceito,
Ela, feliz por fora e triste por dentro,
Infeliz e arrependida após ter dito: aceito.

Duas almas tristes e sozinhas,
Que o destino fez questão de aproximar,
Num ônibus rumo ao Grajaú,
Longe das bênçãos de Iemanjá.

De lá pra cá, uma hora e meia,
Ele transforma os traumas em origami.
De cá pra lá, duas horas,
Ela prepara o cabelo e põe seu fone.

O silêncio dele diz muitas coisas,
E transparece luz num cisne de papel.
O silêncio dela muda de tom,
Ao ver naquele objeto a cor do céu.

A porta abre, a catraca gira,
Os olhares dançam,
O ônibus enche e esvazia,
Os sinais não disfarçam.


Amanhã talvez se encontrem de novo.


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