terça-feira, 27 de maio de 2008

Cordel

Contrariando o alto grau de analfabetismo

No nordeste o cordel teve seu batismo

Suas estórias nas feiras e praças

Fazem a imaginação ganhar asas

Sob a voz do cordelista

De origem humilde, realista

Mediador das classes populares

Que com sua fé derruba pilares

Com louvação e crítica

Faz da poesia sua política

Quando quem sofre resolve lutar

E no seio da vida amamentar

Do campo a cidade ganhou uma lição

De bravura e valentia como os feitos de lampião

São antropólogos e sociólogos

Que nunca sequer entraram numa faculdade

Através de repentes e monólogos

Cantam nas ruas por necessidade

As lembranças do seco sertão

Onde um dia lhe faltou o pão

E o vento lhe trouxe de lá

Pra num poço de lama anda

O povo aplaude Ceará.

O cordel assim se faz atemporal

Do maculelê pra espantar o mal

Do carnaval de Recife

Das feiras de Maracaípe

Pros versos de quem faz o rap

Cordel do fogo encantado

Suor e sangue na batida do sertão

Maracatu sagrado

Pandeiro, atabaque e violão

Pensador que com a lua canta

Que o fruto da vida planta

E ilumina minha consciência.




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