quarta-feira, 18 de junho de 2008

Aquilo sim era infância

Em cada canto, cada casa,
Histórias e lembranças,
Daquele cheirinho de almoço,
O vai e vem das crianças,
Mais uma pipa no céu,
E as mão cheias de cerol,
Um balão feito de papel,
As roupas secando ao sol,
A calmaria de fim de tarde,
Gelinho de côco queimado,
Ary Toledo no rádio,
E eu gargalhando sentado.
Um amigo me chama pra jogar,
Pés descalços, a bola começa a rolar.
Naquele tempo era só inocência,
Caía no mundão quem queria.
Aquilo sim era infância,
Diferente de hoje em dia.
Queria ser sempre criança,
Ficar pra sempre neste lugar.
Onde a vida é colorida,
E o cheiro de arruda paira no ar.
Ouvir os gritos de minha avó,
As travessuras de meus colegas,
Uma partida de dominó,
E as guerras de mamonas.
O bairro era meu mundo,
Um terreno baldio minha floresta.
Voltava pra casa imundo,
Tudo pra mim era festa.
Dormia ali mesmo, no sofá.
Pensando no dia que passou,
Não via a hora de acordar,
Rever os amigos e marcar mais um gol.
Infelizmente tudo muda,
Tomamos rumos diferentes,
E o cheiro de arruda,
Permanece em nossas mentes.
As pipas já não tomam os céus,
Mamonas já não existem mais,
E os terrenos inundaram com as chuvas,
As casas continuam no lugar,
E meus amigos hoje são adultos.
Minha vida agora é trabalhar,
Garantir meu sustento.
Respiro fundo, está guardado,
Bem claro em meu pensamento.

Nenhum comentário: