quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Um domingo de tensão





Domingo 8:30, desperto com algo incomum,
Ouço voz de pessoas e o barulho dos motores,
Policiais chegam, curiosos observam de longe.
Era uma história de amor não correspondido,
Que virou manchete de crime num jornal.
Ás 6:30, o meliante se levanta, pega sua jaqueta,
Coloca no bolso a faca com que cortava cana.
Suas olheiras indicavam uma noite mal dormida,
De alguém que estava infeliz com a vida.
7:00 pega o ônibus rumo ao seu destino final,
Bairro do Brooklin, rua Princesa Isabel,
O local: uma loja de calcinhas,
A vítima: sua amada.
Que à dois dias lhe tirou o sossêgo,
Ao dizer que arranjou um novo emprego,
E queria mudar de vida, sair da quebrada,
Viver sozinha, sem seu amado,
Que trocou o caminho certo pelo errado.
Ela queria uma vida honesta, mais cuidado.
7:30 ele desceu do ônibus, subiu a rua,
Sem olhar para os lados, empunhou a faca.
Entrou na loja, em segundos tentou argumentar,
Desesperado, começava a se exaltar,
Com os olhos vidrados, na tensão,
Abraçou sua amada, com uma faca na mão,
E mandou todos saírem.
8:30 acordei, todos já estavam lá,
Presenciei sem saber o motivo,
O porquê da confusão.
Passaram uma, duas, três horas,
E o homem ainda estava lá,
Foi quando ouvi um tiro,
E vi um corpo estirado no chão,
Fazendo daquele domingo, um dia de tensão.
Ele saiu com a moça, prometeu se entregar,
Não ouviu a bala o alvejar,
Alí mesmo caído no chão,
Conseguiu estender a mão,
Como se estivesse pedindo perdão.
E ela caiu de joelhos.
Poderia ser uma cena de filme,
Mas era cena real.
Poderia ser uma cena de amor,
Simulando que, pois mais louco que ele fôsse,
Ela ainda o tinha no coração,
Ou quem sabe o choro,
Que indicava liberdade, mesmo com a solidão.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Sapiens

Habilidade caçadora,
Capacidade predatória,
Coordenação motora,
Imunidade respiratória,
Circulação sanguínea,
Resistência cardio vascular,
Carne sem taênia,
Educação alimentar,
Corpo em falência,
Displiscência elementar.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Longa caminhada

As luzes da cidade refletem em meu rosto,
O ar seco entope minhas narinas,
Mas eu sigo caminhando.
Os carros param, motoristas gritam,
Outro sinal se fecha,
E sigo caminhando.
Um muro grafitado, uma foto,
Escondo a câmera,
E sigo caminhando.
Menores cheiram cola, dão risadas,
Rebolam no farol,
Desacredito,
Mas sigo caminhando.
As ruas fedem animais mortos,
Fica escuro,
Não tenho medo, estou caminhando.
Em uma hora vejo um mundo,
Não tão belo quanto a faixada do prédio,
Para mim é necessário,
Para seguir caminhando.