domingo, 5 de abril de 2009

Bota fé


A fé é parceira,
É mestre de cerimônia,
É ato de resistência,
É busca de referência,
É rito de união,
É mostra de redenção,
Encontro de divindades,
Alívio de necessidades,

Um toque de tambor,
No centro de candomblé.
O grito do pastor,
Na Praça da Sé.
A reza da mesquita,
O rito do Sunita.
A mesa branca espírita.

Todos somos santos.
E ainda em prantos,
Temos fé,
Nem que seja em nós mesmos.

Motoboy


Acordo cedo, pois minha vila,
Onde me escondo é muito longe,
Eu corto carros, sigo avenidas,
Ando nas pontes. Anjo do asfalto,
Vejo do alto o seu endereço,
Eu sei o meu preço e posso pagar
Ouço buzinas e xingamentos,
Ônibus lentos. Tento passar,
Medo e sorte, vida e morte.
Paro e penso, vale a pena?
Sou destemido, ás vezes herói,
Cachorro louco, eu sou Motoboy.

domingo, 8 de março de 2009

Lugar Comum


Na cabeça do menino,
A vontade de brincar.
Na bodega da esquina,
Um portuga em seu bar.
No cortiço amarelo,
13 vidas, um só lar.
No véu negro da viúva,
A ausência de seu par.
O imigrante nordestino,
Que só pensa em trabalhar.
O jovem que das drogas,
Tenta se recuperar,
O bebê que agora nasce,
Para o mundo alegrar.
Se agora tens tristeza,
Logo vai se animar,
Pois na vida tudo passa,
Mas não muda de lugar.

Nino


Pede esmola, cheira cola,
Cola gruda o papelão,
Rola bola, falta escola,
Nino dorme pelo chão,
Vento venta, vem o frio,
Com o frio, vem solidão.
O fogo faz fogueira,
Não aquece o coração.
Vento venta, mexe o fogo,
Fogo queima o papelão,
Fogo queima as velhas roupas,
Logo chega o rabecão.

Auto-avaliação




Me peguei olhando o espelho,
Tentando me achar.
O que achei foram vertigens,
Nada mais que meu olhar.
Olhei e não vi mais nada,
Além do rosto atemporal,
Mesmo da semana passada,
Que um dia enfrentou o mal.
Que chorou e que sorriu,
Que a barba fez crescer,
Que chegou e que partiu,
E agora tenta entender,
A difícil auto-avaliação,
Que na hora traz temor
E provoca a distensão
Do meu próprio interior.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Lua


Em uma noite qualquer,
Ela está presente,
Com seu brilho intenso,
E sua brisa incandescente.
Observo-a horas,
Disfarçadamente ela se move,
Se escondendo nas nuvens,
Amanhã acho que chove.
A lua mãe e suas filhas estrelas,
Como um núcleo e seus átomos no Mol.
Durmo na pintura da mãe lua,
E acordo no retrato do pai sol.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Apareça


Transcendendo a física,
Questionando a política,
Relevando a ética,
Fazendo rima poética,
Saltando obstáculos,
Hipertrofiando músculos,
Lançando tendências,
Ignorando advertências.
Para fazer sua parte
Inove com sua arte.
Desobedeça, amadureça,
Acima de tudo, apareça!
Mesmo que ninguém te ouça.