terça-feira, 27 de maio de 2008

Lima-limão

O time da vila,

Levou uma lavada,

Do time de lá.

No campo de lama,

A lama secou,

E com a alma lavada,

Levou a cevada,

Pro time de cá.

Quem levou a lavada

Subiu a quebrada,

Com lama na mão,

Dizendo que a lama,

Não era só lama,

Era vinho do limo,

Da lima limão.

A lama era doce,

Pois doce era a lima,

Lima da serra,

Do lima limão.

O limo era escuro,

Brotava no vale,

E dava dinheiro,

Não era limão.

Levaram a lima,

Levaram a lama,

No campo da vila,

Não tem mais limão.

O léro do loro,

Da língua enrolada,

Deixou a quebrada,

Sem nosso campão.

O lodo da lama,

Não era mais lodo,

Não era mais doce,

Cheirava cifrão.




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Artismo


A arte volta,


E revolta o mundo,


O mundo parte,


E renova a arte,


A arte muda,


E renova o mundo,


A moda flerta,


Reproduz os modos,


E os comportamentos,


Do espectador,


Natural ator,


Que faz da vida arte.


Onde atuar faz parte.









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Poder querer

Poder e não querer,

É querer e não achar,

Achar e não gostar,

É gostar e não falar,

Falar e não tocar,

É tocar e não sentir,

Sentir e não querer,

É querer e não gostar.




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Vide-bula

Cloritato de natidina,

Estômago livre de queimação.

Glicose e neosaldina,

Após a festa internação.

Cobre e potássio,

Magnésio para os músculos.

Enriquecimento ósseo,

Amendoim para os testículos.

Lítio aos paranóicos,

Choque aos maníacos,

Poder para os genéricos!

E morte aos hipocondríacos.




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Cordel

Contrariando o alto grau de analfabetismo

No nordeste o cordel teve seu batismo

Suas estórias nas feiras e praças

Fazem a imaginação ganhar asas

Sob a voz do cordelista

De origem humilde, realista

Mediador das classes populares

Que com sua fé derruba pilares

Com louvação e crítica

Faz da poesia sua política

Quando quem sofre resolve lutar

E no seio da vida amamentar

Do campo a cidade ganhou uma lição

De bravura e valentia como os feitos de lampião

São antropólogos e sociólogos

Que nunca sequer entraram numa faculdade

Através de repentes e monólogos

Cantam nas ruas por necessidade

As lembranças do seco sertão

Onde um dia lhe faltou o pão

E o vento lhe trouxe de lá

Pra num poço de lama anda

O povo aplaude Ceará.

O cordel assim se faz atemporal

Do maculelê pra espantar o mal

Do carnaval de Recife

Das feiras de Maracaípe

Pros versos de quem faz o rap

Cordel do fogo encantado

Suor e sangue na batida do sertão

Maracatu sagrado

Pandeiro, atabaque e violão

Pensador que com a lua canta

Que o fruto da vida planta

E ilumina minha consciência.




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Centro

Velho, nobre e barulhento centro,
Meninos de rua
Pegam rabeira em ônibus lento,
Não conhecem seus destinos,
Pobres, sofridos e alegres meninos.
Camelôs, rastas e andarilhos
Trabalham, papeiam e fogem do rappa.
Surf, crack, morte sobre os trilhos.
Trombada rouba bolsa e escapa.
Meu coração por aqui bate,
Entre o cortiço, o aluguel e o relento.
A senhora grita e o cachorro late.
Lembranças do meu velho centro.

Concreta

Violência, ódio, corrupção,
Paz, amor, honestidade,
Preconceito, mentira, tensão,
Harmonia, pureza, igualdade,
Fúria, crime, dor,
Sabedoria, deus, simpatia,
Morte, drogas, terror,
Lápis, borracha e poesia.

Hora do rush

Alienação, uma nação alienada,
Nada lhe oferecem além do vulto de suas asas.
Apressadas não esperam a alvorada,
Radiante por ser disputada,
Esconde o muro mais não é a sombra.
Sou o cara que apanha todo dia,
Um besouro numa corja miserável,
A mente que enfurece com o tempo
Nos becos da cidade grande.

Encarcerado

Internado, donativo,
Doa calma pra viver.
Isentado, negativo,
Que tem trauma do poder.
Cimentado entre grades
Não vê a beleza da terra.
Um cigarro, tristes tardes,
A visita então se encerra.
Fica a dor e a maldade,
Velha falta de atenção.
Fica a foto e a saudade,
Fecha cela, solidão.
Uns roubaram, uns mataram.
Vacilaram e agora é tarde.
Ao sistema se entregaram,
e agora sonham com liberdade.